Via de regra, a continuidade de qualquer negócio familiar depende, principalmente, de dois fatores: sucessão e governança. No varejo não é diferente.
Para qualquer negócio varejista, quando é chegada a hora de “passar o bastão”, garantir que a transição ocorra de forma estruturada e eficiente é vital para não abrir margem à estagnação e à perda de valor. Sem um planejamento adequado, o processo de sucessão pode gerar uma série de conflitos internos, perda de identidade da marca e, em alguns casos, comprometer a própria sobrevivência do negócio.
Mas como estruturar um modelo de sucessão que preserve a essência do negócio e, ao mesmo tempo, possibilite crescimento e inovação? Como uma governança corporativa bem definida pode reduzir os riscos e aumentar o potencial competitivo da empresa? É para tentar responder algumas dessas perguntas que estamos aqui hoje. Continue lendo!
Por que sucessão e governança são tão importantes em empresas familiares?
Em maio de 2023, ia ao ar o episódio final de uma das séries mais aclamadas pelo público e pela crítica nos últimos anos: Succession. Com mais de vinte prêmios acumulados ao longo de quatro temporadas, o seriado tinha como foco central de sua trama apenas um elemento: a sucessão de uma empresa familiar.
O sucesso da série evidenciou duas coisas interessantes: a curiosidade do público em acompanhar de perto algo que, na ficção, era uma verdadeira “guerra pelo poder”; e, por outro lado, os meandros de um processo que, quando mal conduzido, pode causar verdadeiros estragos antes, durante e depois. Tanto para as empresas quanto para as pessoas.
Mas, de volta à vida real, é importante dizer logo de início: sucessão e governança são dois elementos que vão muito além da administração tradicional. Enquanto a sucessão garante a continuidade lógica da liderança, a governança cria diretrizes que mantêm o funcionamento do negócio de forma organizada e transparente. Sem esses pilares, muitas empresas familiares acabam enfrentando dificuldades enormes ao longo das gerações.
No Brasil, segundo o IBGE, 90% das empresas possuem um perfil familiar. Embora seja um dado impressionante, ele não se sustenta no longo prazo. Ao menos é que afirma um levantamento do Banco Mundial. Segundo o estudo, apenas 30% das empresas familiares em todo o planeta chegam à terceira geração. Desse montante, apenas a metade (ou seja, 15%) sobrevivem.
As principais razões desse número incluem disputas internas, falta de preparação dos sucessores e desorganização na estrutura de gestão. Por outro lado, empresas que implementam um modelo de governança bem estruturado conseguem crescer de maneira sustentável, se adaptando às novas demandas do mercado e garantindo um tempo de vida útil muito maior.
Principais desafios da sucessão em empresas familiares
Como dito acima, mesmo sabendo da importância da sucessão, muitas empresas enfrentam resistências e dificuldades na transição. Entre os desafios mais comuns, podemos citar:
- Resistência à mudança: muitas vezes, os fundadores têm dificuldades em abrir mão do controle, adiando decisões que podem ser essenciais para o futuro da empresa.
- Cultura organizacional: a escolha de um sucessor, seja ele um membro da família ou um profissional externo, precisa considerar o alinhamento com os valores e a identidade da empresa.
- Comunicação interna: sem um diálogo transparente entre família, gestores e colaboradores, o processo de transição pode gerar insegurança e conflitos internos.
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Governança: a base para uma sucessão bem-sucedida
Se, por um lado, a sucessão é naturalmente propensa a desafios e eventuais conflitos, por outro lado, a governança corporativa é o elemento estável que define como as decisões estratégicas serão tomadas, assegurando que o negócio mantenha sua estabilidade independentemente de mudanças na liderança.
Ainda assim, mesmo na governança, há boas práticas que devem ser respeitadas para que o processo funcione conforme o esperado. Veja algumas delas:
- Definição de políticas claras: regras objetivas sobre critérios de escolha de sucessores devem ser implementadas de forma antecipada, atribuindo os papéis de cada gestor e os processos específicos de decisão em um processo transitório.
- Criação de conselhos administrativos: um conselho composto por membros experientes, internos e externos, é uma iniciativa que sempre ajuda a dar direção estratégica e reduzir conflitos.
- Equilíbrio entre tradição e inovação: manter a identidade do negócio sem abrir mão da modernização dos processos e da gestão é algo essencial para preservar o que é importante no campo de valores, sem deixar de evoluir administrativamente.
Passo a passo para implementar sucessão e governança
Um processo estruturado de sucessão pode ser dividido em etapas centrais, garantindo que a transição seja feita de forma planejada e com segurança:
- Diagnóstico da empresa: antes de qualquer mudança, é muito importante avaliar a estrutura atual da empresa, identificando desafios, oportunidades e possíveis riscos da sucessão. Esse mapeamento permite definir ações alinhadas à realidade do negócio.
- Plano de sucessão: com base no diagnóstico, deve-se criar um roteiro estratégico que inclua critérios claros para a escolha dos sucessores, além de um cronograma para sua preparação e integração à liderança.
- Treinamento e integração: os novos líderes precisam desenvolver competências específicas para assumir suas funções com eficiência. Esse processo pode envolver mentorias, imersões e acompanhamento próximo dos atuais gestores.
- Monitoramento contínuo: a sucessão e a governança não terminam com a transição. É fundamental acompanhar os resultados, ajustar processos conforme necessário e garantir que a estrutura de gestão continue evoluindo ao longo do tempo.
Os benefícios da sucessão e governança para o futuro do negócio
Precisamos aprofundar um ponto importante. A implementação de um modelo eficiente de sucessão e governança não apenas protege a continuidade da empresa, mas também impulsiona o seu crescimento.
Um dos principais benefícios é a possibilidade de expansão sustentável, garantindo que a evolução do negócio ocorra sem comprometer sua essência. Empresas do varejo que conseguem alinhar inovação e tradição dentro de um modelo de governança bem estruturado encontram maior facilidade para se adaptar às inevitáveis mudanças do mercado, mantendo-se competitivas ao longo do tempo.
Além disso, uma governança clara e bem definida também torna a empresa mais atrativa para talentos qualificados. Profissionais experientes e capacitados buscam ambientes organizados, onde possam atuar com segurança e autonomia dentro de processos bem estabelecidos. Quando há uma estrutura sólida de sucessão e governança, a retenção de lideranças é mais eficaz, garantindo a preservação e o aprimoramento do conhecimento e da cultura de uma empresa ao longo do tempo.
Outro ponto fundamental é o fortalecimento da reputação no mercado. Empresas que operam com transparência na gestão, adotando boas práticas de governança, transmitem mais credibilidade para clientes, fornecedores e investidores. Em certa medida, toda essa confiabilidade pode acabar se traduzindo em novas oportunidades de negócios, parcerias estratégicas e maior acesso a investimentos.
Dessa forma, sucessão e governança não são apenas estratégias de proteção contra riscos internos, mas também motores de crescimento e longevidade para empresas que desejam permanecer relevantes e competitivas no futuro.
Decisões que moldam o presente. Escolhas que definem o amanhã.
A sucessão e a governança corporativa são estratégias essenciais para garantir a longevidade das empresas familiares no varejo. Quanto antes essas questões forem tratadas, mais seguras e preparadas as empresas estarão para enfrentar as transformações do mercado.
Além disso, investir nesses processos não significa apenas planejar o futuro, mas também construir um presente mais estruturado e competitivo. A transição é inevitável, mas cabe às empresas decidirem se ela ocorrerá de forma planejada ou como uma crise iminente.
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